quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A taipa de pilão

A taipa é uma técnica construtiva vernacular à base de argila (barro) e cascalho empregue com o objectivo de erguer uma parede.
Existem duas formas de taipa:
a taipa de mão, também conhecida como "à galega" em Portugal, onde o barro é aglutinado horizontalmente num trançado de madeira para formar a parede, com as mãos;
a taipa de pilão, também dita apiloada, onde o barro é compactado horizontalmente, com o auxílio de formas e pilões.

A taipa de pilão
A taipa de pilão é um sistema rudimentar de construção de paredes e muros. A técnica consiste em comprimir a terra em fôrmas de madeira no formato de uma grande caixa, onde o material a ser socado é disposto em camadas de aproximadamente quinze centímetros de altura. Essas camadas são reduzidas à metade da altura pelo processo de piloamento. Quando a terra pilada atinge mais ou menos 2/3 da altura do taipal, recebe, transversalmente, pequenos paus roliços envolvidos em folhas, geralmente de bananeiras, produzindo orifícios cilíndricos denominados "cabodás" que permitem o ancoramento do taipal em nova posição. Essa técnica é usada para formar as paredes externas e as internas, estruturais, sobrecarregadas com pavimento superior ou com madeiramento do telhado.

A taipa de mão
Também chamada de pau-a-pique, taipa de sopapo, taipa de sebe, barro armado, é uma técnica em que as paredes são armadas com madeira ou bambu e preenchidas com barro e fibra. A matéria-prima consiste em trama de madeira ou bambu, cipó ou outro material para amarrar a trama, solo local, água e fibra vegetal, como capim ou palha. O solo local e água são amassados com os pés e, depois de homogeneizados, são misturados à fibra e a massa é usada para preencher a trama. Normalmente usada para erguer parede estrutural ou de vedação.

História
Acredita-se que seja empregado desde tempos imemoriais no Oriente, sendo do conhecimento do Império Romano. No Norte da África a técnica da taipa de pilão vem sendo milenarmente utilizada.
Incombustível e isolante térmico por natureza, a taipa foi empregue na arquitectura de fortificações por diversos povos desde a Idade Antiga, destacando-se a China, que a utilizou em extensos trechos da Muralha da China, e a cultura islâmica, inclusive em algumas fortificações na península Ibérica, em particular na região do Algarve, tendo sido os mouros os responsáveis pela sua introdução na península Ibérica.

A técnica da taipa de pilão foi trazida ao Brasil pelos portugueses e largamente utilizada no período colonial, sobretudo na região Sudeste, onde grande parte das igrejas e construções de dois ou mais pavimentos foram edificadas com a técnica de taipa-de-pilão.

Pesquisas sobre o manejo dessa técnica, e de outras em terra crua, como o adobe e o pau-a-pique, contribuíram para o uso atual e difusão das mesmas. O aprimoramento do manejo e uso de equipamentos vem possibilitando construções modernas em taipa em vários países como os Estados Unidos da América, a Alemanha, a Austrália, a Nova Zelândia, o Chile e outros. Esse desenvolvimento tem possibilitado intervenções de conservação e restauração em construções históricas e também novas construções.
A simplicidade, o baixo custo e resistentência (desde que bem isolada), faz com que a taipa seja aplicada ainda hoje em diversos tipos de edificações do Brasil, principalmente regiões de climas quentes e secos com baixos índices de pluviosidade. Tradicionalmente é isolada com cal, em aplicações repetidas com regularidade, podendo ainda ser revestida com pedras.